Olhar da Pandemia de COVID19 no Brasil

1- CLIMA x DENSIDADE DEMOGRÁFICA

Sabe-se que quanto maior a umidade e maior a temperatura, menor o R0 (infectividade) do vírus  SARSCOV-2.
Os países que mais sofreram a pandemia, foram aqueles com inverno mais rigoroso e com maior densidade demográfica, ou seja, com mais habitantes por m2.
O Brasil um país tropical com alta umidade e altas temperaturas quase todo ano. As cidades focos da COVID19 no Brasil, foram São Paulo e Rio de Janeiro, que não fogem a constatação, de maior acúmulo populacional por m2. Analisando Sergipe e propriamente a cidade de Aracaju (cidade mais populosa do estado), temos um período de inverno pouco marcado. Observa-se apenas, uma diminuição leve da temperatura e maior incidência de chuva. E mesmo assim enfrentamos aqui, anualmente nos meses de abril/maio/junho um acometimento de doenças respiratórias, principalmente em crianças e idosos. Fazendo com que haja sobre carga dos pronto atendimentos neste período marcado. Há um acréscimo de até 80% no número de atendimentos médicos de urgência. Observou-se neste período de pandemia que, com o adiantamento das férias escolares e com as medidas de contingenciamento, tivemos uma curva invertida, relativa as doenças sazonais respiratórias. Protegemos –nos contra o SARSCOV-2 e observamos que, o período crítico de circulação para Influenza, Vírus Sincicial Respiratório e Rinovírus foi abruptamente menor.
Já chegamos a discutir juntos aos colegas da pediatria e geriatria, se não seria esse o período correto das férias escolares, e não em julho?
Se não seria esse o período correto da vacinação em massa contra Influenza e não em junho?

Muitas questões para serem avaliadas.

2- MEDIDAS DE HIGIENE X MENOR CONTATO ÍNTIMO

A população brasileira de pouco tempo para cá, adotou hábitos de higiene mais efetivo com toda a epidemia que cercou o mundo, desde a época do H1H1 em 2009, intensificando essas medidas desde agora em 2019, com a COVID19. Brasileiro é muito afetivo e caloroso, mas sabida da grande transmissão de doenças através do contato pessoal, será que aprenderemos a demostrar afeto sem tanto contato?

3- A CURVA DA DOENÇA NO BRASIL x GANHO DA SAÚDE

Nos antecipamos ou se fomos muito eficazes nas medidas? Acredito que tudo junto corroborou, até mesmo o déficit de testagem, que não nos deixa confortáveis quanto aos números de infectados no Brasil. Muita coisa foi comprada e com a dificuldade e morosidade de logística não tivemos acesso ainda. Os testes rápidos, EPIs, foram alguns desses itens.
Mas uma coisa é notória diminuímos a incidência de outras doenças infecto- contagiosas e sazonais neste período no Brasil. Sem sombra de dúvida a COVID19, que ainda é uma doença muito desafiadora em vários aspectos, até mesmo no comportamento díspare em cada país e até algumas regiões de um mesmo país. Como exemplo temos os EUA, onde Nova Iorque teve um grande adoecimento populacional e muitas mortes e Orlando passa sem maiores, pela Epidemia. Voltar as coisas ao normal, colocar a economia nos eixos, liberar o ir e vir, tudo isso é
extremamente necessário e precisará ser gradativo, para que todo esforço não tenha sido em vão. Precisamos contar com o bom senso de todos, pois soltar as rédeas é iniciar contato em efeito manada. Sabemos que em torno de 70% da população deverá entrar em contato com o vírus ainda nesta epidemia. Então a palavra é parcimônia. Dizer que alguma rede de saúde de qualquer país que seja, esta preparada para um adoecimento em massa da população é heresia. Se há algo a se comemorar, é a intensificação dos treinamentos das equipes de assistência à saúde e do fortalecimento no número de leitos de terapia intensiva no país, isso sim é vitória. Usamos apenas alguns, mas deixamos um legado para frente.

Sigamos firmes no combate à um invisível, tão grandioso.

Dra Mariela Cometki Assis
Médica Infectologista

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